O grupo de programadores "fail0verflow" demonstrou um "hack" que explora uma brecha no PlayStation 4, da Sony, para fazer o videogame rodar Linux e funcionar como um computador. Uma vez no sistema, os hackers rodaram um emulador de Game Boy Advance da concorrente Nintendo para jogar um "Pokémon versão PlayStation" -- o título do jogo foi alterado pelo grupo como brincadeira.
O grupo fail0verflow é conhecido por encontrar brechas em videogames como Wii, PlayStation 3 e Wii U. Em uma publicação no blog do grupo, Marcan - um dos membros da equipe - conta que os hackers não vão revelar nenhuma vulnerabilidade do PlayStation 4. Em vez disso, eles pretendem adaptar o Linux e programas relacionados (inclusive um driver de vídeo 3D) para que o console possa funcionar como um PC.
Segundo os hackers, mais de 7 mil linhas já foram alteradas no "kernel" do Linux (o coração do sistema) para adaptá-lo ao PlayStation 4. Apesar de ter um processador do mesmo tipo usado em computadores e notebooks, o console tem chips personalizados que não possuem algumas das funções dos PCs. Essas diferenças, para Marcan, tornam o PS4 "interessante".
Por isso, muitos dos recursos do PS4 ainda não funcionam. O Linux do fail0verflow não consegue ler o disco rígido e nem tem acesso às portas USB (o Linux teve de ser rodado de um drive em rede). O driver da placa vídeo também não consegue processar imagens em 3D e foi por isso que os hackers escolheram demonstrar um jogo de Pokémon antigo que só utiliza gráficos em 2D.
Mesmo depois de tudo pronto, a instalação do Linux não será possível sem que uma vulnerabilidade seja identificada no PS4. Os hackers, porém, não pretendem revelar essas falhas, porque não querem colaborar com a pirataria de jogos no console. Isso significa que uma etapa importante do trabalho deve ficar a cargo de outros grupos.
A expectativa, porém, é que muitas outras brechas sejam encontradas, Segundo Marcan, o PlayStation 4 é baseado em muitos programas de código livre, o que significa que muitas falhas nesses programas também podem funcionar no PlayStation 4. Há um isolamento que protege o console de ataques, mas Marcan o chamou de "medíocre".
Projeto independente
O trabalho do fail0verflow surpreendeu a comunidade de entusiastas envolvidos no desbloqueio do PS4. O programador CTurt revelou no início de dezembro que conseguiu elevar uma brecha de segurança no PS4 para ter acesso ao kernel, uma etapa bastante inicial do processo de desbloqueio do console.
A demonstração do fail0verflow é de algo muito mais avançado. Marcan revelou que o grupo já conseguia iniciar o Linux no PS4 ainda antes de qualquer brecha no console ser publicamente revelada. Isso significa que eles já tinham alcançado em 2014 a mesma etapa alcançada há pouco mais de duas semanas por CTurt. A primeira brecha para o PS4 foi publicamente revelada em outubro daquele ano.
O grupo, portanto, vinha trabalhando em silêncio desde então para adaptar o Linux ao PlayStation 4 e finalmente conseguir algo utilizável para criar uma demonstração. O suporte para gráficos em 3D, porém, deve levar mais alguns meses.
O código do kernel do Linux modificado foi publicado no site Github neste domingo dia 3.
Para que serve?
Marcan apontou que o hardware do PlayStation não é tão poderoso a ponto de ser interessante para uso como um computador ou para aplicações científicas, como foi o caso do PlayStation 3 em sua época.
As primeiras versões do PlayStation 3 vinham de fábrica com a possibilidade de utilização de um sistema secundário. Essa função foi removida depois que o hacker George Hotz, o Geohot, descobriu uma brecha no isolamento entre o console e o sistema secundário, viabilizando a pirataria. O PlayStation 4 já foi lançado sem o recurso.
No caso do PlayStation 4, a principal utilidade do hack pode ser a instalação do SteamOS para rodar jogos distribuídos pela plataforma Steam compatíveis com Linux. A Valve já vende "consoles Steam" (Steam Machines) para essa finalidade. Reaproveitar o PlayStation 4 para os jogos do Steam permitiria aos usuários ter um console "2 em 1". Na realidade, porém, manter isso funcionando seria um desafio, já que as atualizações da Sony para o PS4 - que são obrigatórias para quem joga on-line - devem fechar as vias que permitem a instalação do Linux.
Bom pessoal era isso que eu queria mostrar para vocês até a próxima.
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